14 de out. de 2009

Se a Ciência Fosse Nosso Deus

Ouço o tempo todo por aí: "a ciência é o deus da atualidade", ou "cientistas são religiosos devotando sua fé a outra coisa".

Se a adoração à ciência fosse a religião predominante:

- Leríamos "A Origem das Espécies" na escola, e teríamos acampamentos de verão para contemplar na prática as experiências genéticas de Mendel.

- Quando pensássemos em computadores, o primeiro nome que viria à cabeça seria Turing e não Bill Gates, Steve Jobs ou IBM.

- As revistas e telejornais citariam as fontes e teriam por hábito divulgar de onde tiram as informações que trasmitem, ou perderiam instantaneamente a credibilidade junto aos espectadores.

- Dalton seria nosso Moisés, e Albert Einstein seria nosso Jesus, dentre tantos outros "Moisés" e "Jesus" que existiriam e ainda viriam a existir nas diversas áreas do conhecimento.

- Discovery Channel e TV Cultura teriam a audiência de uma Globo ou Warner. E Globo e Warner seriam como aqueles canais de novela mexicana que ninguém assiste ou dá muita bola.

- Paulo Coelho venderia como um daqueles livros da prateleira debaixo da sessão de espritismo, e os livros de Carl Sagan dariam filmes melhores e mais assistidos do que os de Stephen King.

- Ser professor seria uma honra e um cargo extremamente respeitado, não apenas um caminho por falta de opção para os que são apaixonados por uma área com poucas opções de empregos que paguem de forma justa.



Enfim, a lista de diferenças da nossa sociedade para uma que realmente cultuasse a ciência seria imprevisivelmente gigantesca.

Se cultuássemos a ciência, adorariamos acima de tudo o conhecimento em todas as suas áreas. Teríamos fé na mensagem dos cientistas (historiadores, biólogos, matemáticos, sociólogos, etc...), mas por nossa própria história saberíamos que por mais certa que esta mensagem fosse hoje, amanhã ela poderia parecer ridícula diante das mensagens mais claras que virão.

E nisso teríamos fé também. Fé na incerteza da própria fé, e na certeza de que o estado atual desta religião é volátil e sujeito a novas descobertas ou interpretações mais apuradas das descobertas já registradas.

E isso destrói a idéia de uma religião.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu queria seguir este blog,será que posso?
Bem, independente de discordar ou não precisamos refletir sobre o nosso cotidiano, muitas vezes dirigidos por "seres do além televisivos". Creio que é muito importante ser crítico sobre as coisas da vida. Parabéns!!!
Talvez seja possivel pensar que em nós há coisas espirituais que não temos como explicar...

Felipe disse...

Olá

Se pode seguir o blog? Claro! Aliás... por favor!

Só não entendi a relação entre o post e o que você quis dizer com "seres do além televisivos".

Acho plenamente aceitável a idéia de que uma pessoa creia em "coisas espirituais que não temos como explicar". O problema é quando esta crença intangível e injustificável passa a ser empurrada e influir diretamente na vida da sociedade como um todo.

De qualquer forma, obrigado por comentar

Abração

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