1 de out. de 2009

O que a mídia não é

(um post sem firulas)

A forma com que o grande público lida com a mídia como um todo é praticamente uma religião (um campo aonde o pensamento lógico não alcança). Todo mundo quer projetar seu complexo underground no grande demônio massificador.

Os marxistas acham que a mídia é um instrumento burguês de propagação do conformismo na massa operária. Os neo-liberais culpam a mídia por difundir abertamente ideais de esquerda.

Os evangélicos acham que a televisão é do demônio, e está aqui como um instrumento do capeta para levar o mundo mais rápido pro dia do juízo final. Já os ateus, acham que os meios de comunicação continuam passando discretamente ideais judaico-cristãos e embelezando o ato da fé.

Existe até um filosofinho brasileiro (uma hora ou outra virá um post sobre ele aqui no blog) que acha que a mídia mundial é controlada por um grupo multibilionário que propaga os ideais demoníacos e genocidas do comunismo.

Os são-paulinos acusam a globo de ser corintiana e os corintianos dizem que a globo na verdade é flamenguista.

É interessante também como cada um grupos citados só aplica esta lógica (de ver como ideal propagado pela mídia tudo aquilo que é ruim) aos aspectos que lhe interessa.

O marxista barbudo discorda fortemente daqueles ideais burgueses recebidos pelos aparelhos de TV, mas teme o aquecimento global e adora uma Skol (afinal ela desce redonda).

O beatinho da Igreja Universal acha que as novelas são controladas por uma força satânica (através de pessoas que fizeram pacto com o diabo... lembra da Xuxa?), mas drogas? Eles repetem: "Tô fora!", "Nem morto", "Crack nem pensar". Prefiro esporte, porque "esporte é saúde" e "criança no esporte é criança longe das drogas".



O que a mídia é:

A tal da mídia é uma EMPRESA (ou um grupo de empresas)! E tudo o que uma empresa faz visa direta ou indiretamente o lucro. A Natura divulga ser uma empresa ecologicamente correta não porque ela é boazinha, mas porque isso é uma excelente estratégia de marketing!

É realmente estranho o quanto as pessoas relutam para ver e admitir isso: Só porque deu na TV não quer dizer que é verdade... muito menos quer dizer que é mentira! Simplesmente não quer dizer nada!

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá colega de "pasta"...

Sua assertiva sobre a mídia é essencialmente correta, mas acredito que, sendo empresas, defendem suas fonte de lucro com unhas e dentes, em detrimento da finalidade que professam com todo o vigor (credibilidade, isenção). Neste aspecto o Olavo de Carvalho está certo (mesmo que de forma exagerada). A mídia é controlada por seus patrocinadores.

Costumo medir a "isenção" de um determinado jornal, tele-jornal e revistas noticiosas pela quantidade de propaganda do governo em suas páginas/intervalos comerciais... Quanto mais, menos se pode acreditar no que lê/vê.

É claro que esse não é o único critério de avaliação.

Da mesma maneira que alguns veem a mídia não com tão bons olhos, o outro extremo é encontrado com mais frequência: como propagadora da "verdade" absoluta. Não existe tal coisa.

Do meu lado, não confio em imprensa... Uso-a para obter alguns fragmentos de informação que me permitam dar continuação a uma linha de investigação. Tiro minhas conclusões dai.

Grande Abraço,
Fred

Felipe disse...

Dae Fred,

Concordo completamente com seu comentário! Na verdade meu post ficou incompleto. Tento sempre manter os textos o mais curtos, simples e acessíveis possível, e isso geralmente significa deixar de lado alguns argumentos importantes.

Aonde eu digo "Simplesmente não quer dizer nada!" na verdade foi um exagero. Este "nada" significa "não bom nem ruim", mas algo que necessita ser analizado e investigado (exatamente como você disse que faz).

Agora é claro que o fato de uma coisa estar sendo amplamente divulgada diz muita coisa, e muito se pode descobrir refletindo sobre isso. Como por exemplo, perguntar-se "a quem interessa que esta notícia esteja sendo veiculada com tanta ênfase". E isso talvez sirva de referência para sabermos os interesses das corporações e o estado atual da opinião pública.

Mas esses interesses e opiniões não têm que conflitar com os nossos necessariamente, e muito menos servir de argumento para justificar o quão ruim é algo.

Concordo também que o mais freqüente (principalmente aqui no Brasilzão) são pessoas que acreditam piamente no que os telejornais mostram... mas estas pessoas claramente são o "povão", pessoas com baixa capacidade (ou vontade) de questionar e raciocinar sobre as informações que recebem.

Então, nos meios intelectuais (ou metidos a intelectuais) vemos uma forte antítese a isso, os metidos a pensadores sentem uma forte necessidade de contrariar estas informações... o que se torna tão ruim quando a crença cega do povão.

No entanto essa crítica sempre está limitada ao que interessa. O próprio Olavo costuma criticar quase todos os ideais midiáticos, mas acredita piamente em outras historinhas que a própria mídia conta (em tópicos como cristianismo, ciência, maconha, etc...)


Mas acho que tudo isso você já tinha entendido, só aproveitei o espaço pra esclarecer um pouco mais.

Valeu mesmo pelo seu comentário... meu blog ainda é um bebê, e é muito bom saber que tem alguém lendo.

Abração e obrigado pela força

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